sexta-feira, 3 de abril de 2015

A má-fé de Deus



No aforismo 91 de seu livro intitulado "Aurora", o filósofo Friedrich Nietzsche ironizou a suposta boa-fé do deus cristão. "Um Deus onisciente e onipotente que nem sequer cuidasse para que suas intenções fossem compreendidas por suas criaturas - seria ele um Deus de bondade?", escreveu o filósofo.
É um questionamento interessante e faz muito sentido. No meu processo para virar ateu eu percebi logo que seria uma crença infantil supor que há um Deus invisível observando tudo do céu e preocupado com meu destino, ao mesmo tempo em que Ele não dá uma demonstração sequer de que está mesmo fazendo isso. Como confiar?
Deixo claro que não acredito no deus cristão, pois eu penso (e tenho evidências disto) que o mesmo é uma construção cultural de um povo. Agora não posso afirmar que não existe mesmo um Criador que deu início ao universo e à humanidade - quanto a este eu sou agnóstico. No entanto, reconhecendo sua suposta existência devo dizer que se trata de um deus cruel, de muita má-fé e sua reputação está arruinada. Arruinada porque é omisso e também porque deixou outros inúmeros deuses criados pelo ser humano agirem em seu nome.
Penso também que Deus, se existe, deve ser um dramaturgo sádico. Percebam que obviamente os personagens de uma peça de teatro não sabem que são personagens e agem de acordo com o script do dramaturgo. Talvez seja assim com a humanidade. Talvez sejamos personagens de uma peça trágica e macabra escrita por Deus. Por ser onisciente, ele sabe de tudo. E portanto, sabe de nosso destino, o já escreveu. 
Penso também que Deus pode ser um ser de mistérios e não quer se revelar ainda. Por isso talvez ele esteja brincando de identidade secreta, pode ser que esteja por aí disfarçado de humano, tomando cerveja e fazendo sexo com prostitutas. Um dia ele se revela e fala que sacaneou todo mundo por achar divertido.

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