segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Os demônios são reais


Demons (Fyodor Dostoyevsky).jpg

Em 1872, o genial escritor Fiódor Dostoiévsk publicou um romance intitulado "Os demônios" (ou "Os Possessos"). O livro é um testemunho e critica às ideologias radicais e cruéis que surgiram na Russia Imperial do século XIX. Dostoiévsk lia jornais e usava as noticias ruins como motivação para escrever seus romances. O romance "Os demônios", por exemplo, foi motivado por um ocorrido lamentável: o assassinato de um estudante nas mãos de um grupo niilista fanático. 

A obra é do século XIX, mas de lá pra cá, espantosamente, sempre esteve atual. Ideologias cruéis ainda permanecem bem vivas e mostram suas garras - sejam em práticas violentas de radicais islâmicos, em "caça-comunistas" no Facebook ou até mesmo em conversas entre stalinistas nas redes sociais, em que buscam justificar o fuzilamento de crianças - filhos do Czar - em julho de 1918, meses depois da Revolução de 1917.

A extrema-direita e a extrema-esquerda podem estar nos extremos opostos do espectro político, mas há algo em comum que os torna semelhantes: o extremismo. Ambos são adeptos da violência, da guerra, da atrocidade, do massacre - ambos colocam a ideologia acima da vida humana, dos direitos humanos e do bom senso. Infelizmente eles conseguem ter muita voz. Felizmente, conseguem poucos votos.

De qualquer forma, há adeptos dessas ideologias da violência, ou seja, os demônios do romance de Dostoiévsk existem e estão por aí. E esses demônios são ainda mais perversos que os demônios da mitologia cristã - que não passam de atores de espetáculos religiosos ridículos para atrair dinheiro. Os demônios políticos são reais, e eles matam, fizeram e ainda fazem vítimas por todo o mundo.

Não sei quem foi, mas disseram que o individuo pode morrer, já suas ideias nunca. É lindo essa frase quando se fala de ideias boas. Porém terrível, quando se percebe que ideias más também não morrem. Hitler e Stálin podem ter morrido, mas, infelizmente, suas ideias cruéis e fanáticas ainda permanecem vivas. 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Os demônios




Os revolucionários invadem a casa Ipatiev onde estão o Czar Nicolau II e sua família. Estão lá a mando de Lênin. Estão lá para executar o Czar, que morre sem resistência. Sua mulher também é assassinada. O médico da família ainda resiste, mas sucumbe às balas dos revolucionários. A camareira da imperatriz se esconde no armário, mas é descoberta e também é executada. 

Os revolucionários gritam "morte à burguesia" enquanto caçam um cozinheiro do Czar pela casa. Ao ser encontrado, o cozinheiro implora pela vida, diz não ser burguês, os revolucionários conversam entre si:

- O que fazemos com esse cozinheiro? Ele não é burguês.

- Mata!

- Mas por quê?

- Porque ele é cúmplice do Czar.

E assim o cozinheiro virou mais uma vítima dos revolucionários. Mas será que são mesmo revolucionários? Há quem os chame de golpistas, já que derrubaram uma instituição liberal. Mas é outra história.

Sobrou ainda seis pessoas na casa. O servo do Czar conseguiu balear um dos revolucionários, mas foi morto. Sobraram ainda cinco crianças - um menino e quatro meninas. Os revolucionários não sabem o que fazer.

- E agora o que faremos?

- Mataremos essas crianças.

- Ficou doido? São só crianças, civis inocentes.

- Mata. Não existe civis inocentes na burguesia.

- Mas essas crianças não são ameaças.

- Mata, rapaz! Eu estou mandando. Milhões de crianças pobres morrem diariamente e ninguém diz nada, e agora você dá chilique por causa de fedelhos burgueses?

- Não vejo motivo pra fazer isso. E você acha que matar essas crianças inocentes irá trazer de volta alguma criança pobre que morreu ?

- Chega de conversa, morra, rapaz!

Um revolucionário mata o outro.

- Zirkov mata essas crianças. No contexto revolucionário se pode tudo.

- Diferente do outro, Zirkov é impiedoso - ele fuzila as crianças.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O motivo dos aliens nunca virem falar conosco




Ezequiel estava junto ao rio Quebar quando viu uma nuvem com fogo nos céus se aproximar. Do meio do fogo saiu um metal brilhante semelhante a uma nave espacial, do meio das nuvens saíram quatro seres que tinham a semelhança de um homem - a diferença é que tinham quatro rostos e asas. Ezequiel começa a se mijar de medo e orar para Jeová. Ele tenta correr, mas tropeça. Apenas um dos quatro seres se aproxima e fala:

- Calma, terráqueo, não vamos te machucar. Somos de outro planeta, viemos em paz.

- Ufa, ainda bem. Pensei que iam me machucar.

- Não, mas gostaria de conhecer um pouco desse planeta. Poderia me levar até o seu líder?

- Claro, é o deus Jeová, criador de todas as coisas. Inclusive seu criador.

- Não, Jeová é um mito - andamos estudando vocês terráqueos há muito tempo e chegamos a conclusão de que vocês criam deuses para si, para pôr fim às suas dúvidas de como a ordem surgiu do caos.

- Olha, eu estou começando a achar que você é, na verdade, alguma manifestação do mal querendo colocar coisas na minha cabeça.

- Na verdade, não. Eu só quero que você me faça conhecer o seu mundo, apenas.

- Certo, mas você tem que se converter a Jeová. Senão será destruído no dia do Juízo dele. Eu tive uma visão disso.

- Terráqueo, eu não acredito nessas coisas. E nem quero acreditar. E humanos não têm visões futuras, isso é impossível.

- Nunca duvide a palavra do meu senhor, ser estranho. Já conversou com ele hoje?

- Não sou de falar sozinho.

- Não é falar sozinho, ele existe. E vai te condenar. Converta-te, herege!

- Olha, melhor não...

- Converta-te ou morra, é a lei do meu senhor!

- Ok, ok... Tá vendo aquele arbusto ali? Vai ali, conte até dez e volte. Enquanto você conta, eu vou orando e me convertendo. É porque sou tímido, não gosto de ser visto fazendo essas coisas.

- Certo!

Ezequiel vai até o arbusto e começa a contar. O ser estranho, em vez de orar, corre para seus outros companheiros e todos voltam para a nave.

- Acelera para bem longe desse planeta. Nunca mais voltaremos. E vou espalhar por aí para outros seres do universo a nunca visitarem esse planeta. Os terráqueos com seus deuses são muito chatos!

Obama comunista?

Barack Obama faz o discurso do Estado da União, tendo ao fundo o vice-presidente, Joe Biden (esquerda) e o presidente do Congresso, John Boehner (Foto: Reuters/Mandel Ngan/Pool)
(Foto: Reuters/Mandel Ngan/Pool)
Em um discurso diante de um congresso totalmente controlado pela oposição, o presidente norte-americano Barack Obama propôs elevar taxas para os mais ricos, defendeu o reatamento com Cuba - e também a pôr fim no embargo, e ainda condenou "a perseguição a mulheres, minorias religiosas ou pessoas que são lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros". Realmente um discurso progressista.

No entanto, as mentes que ainda parecem viver nos porões da guerra fria pensarão que esse discurso é a prova definitiva do comunismo do presidente norte-americano. Nos EUA, o movimento ultrarreacionário Tea Party defenderá essa tese absurda. Aqui no Brasil, uma extrema-direita desmiolada que se prolifera cada vez mais na internet - liderada por um astrólogo - saíra repetindo essa bobagem aos quatro cantos.

Para essa gente, basta que qualquer governo se proponha a reduzir a pobreza para ser considerado comunista - não é a toa que dizem que os governos neo-populistas da America Latina são comunistas.  Que dirá, então, do governo que eleve taxas para os mais ricos, defenda minorias, reate com Cuba e até mesmo ponha fim em seu embargo? Certamente esses teóricos da conspiração pensarão ser o fim dos tempos - o apocalipse comunista (!).

A realidade é que as propostas de Obama, como elevar taxas para os mais ricos e defender minorias, podem até ser pautas esquerdistas, mas são socialdemocratas. O reatamento com Cuba e a proposta para o fim de seu embargo são sinais de que a página da guerra fria foi virada, como o próprio Obama disse em seu discurso.

Os teóricos da conspiração da extrema-direita poderiam também virar a página e abandonar as paranoias de época de guerra fria que ainda permanecem em suas mentes. 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Adão e Eva - um diálogo impossível


Após sete anos no jardim do Éden, Adão e Eva foram expulsos por Jeová. O motivo? Ambos comeram o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal - por isso passaram a ter conhecimento de que estavam nus. A responsável por isso é a serpente que tentou Adão e Eva a comerem esse fruto. Jeová coloca vestes no casal e o ordena a morar em uma caverna.

Alguns anos depois:

- Eva, agora eu vim me tocar, e se a serpente estava certa esse tempo todo?

- O quê? Por que diz isso, Adão?

- Veja bem, ela nos fez ter conhecimento - algo que o nosso Pai estava escondendo de nós.

- Adão, para, ele pode estar escutando.

- Não está escutando p*rra nenhuma. Ele não é nenhum onisciente, isso é lorota. Se é onisciente, por que então não sabia que íamos comer aquele fruto? 

- Não sei, eu sei que não pode entender os mistérios do Pai.

- Mistérios do Pai ?!? Eva, pelo amor daquele safado, isso é conversa para boi dormir. O conhecimento é algo bom, ele nos fez perceber que estávamos nus!

- Algo tão bom que nos fez sair daquele lindo paraíso para morar nessa caverna suja e fedorenta.

- Você preferiria continuar sendo uma cobaia daquele deus de araque que não consegue nem prever o futuro? Preferiria continuar cega e desprovida de conhecimento só porque aquele lugar era confortante, Eva?

- Sim, e talvez no fundo você também. O sexo era melhor no jardim, aqui nessa caverna é o rato mordendo seu traseiro o tempo inteiro.

- Eva, mesmo com ratos me mordendo, talvez transar aqui seja melhor. Sinceramente não dá para se sentir à vontade mesmo em lugar confortável quando há um deus voyeur nos assistindo. Quer dizer que até nisso o safado nos fez de cobaia.

- Adão, esse tal "conhecimento" vai te deixar maluco.

- Pode ser, mas esse deus não perde por esperar. O conhecimento vai se proliferar. Ele me amaldiçoou, eu amaldiçoo-o de volta: os humanos das gerações seguintes questionarão esse deus fajuto e em breve ele cairá no esquecimento, como um mito - e nada poderá fazer, pois é um deus de araque.

- Tá, agora vai dormir, querido.

- Até mesmo as mulheres questionarão esse deus, Eva. Pena que não ficarei vivo para ver.

Um choro vem do quarto das crianças.

- Mas que raios está acontecendo? - perguntou o assustado Adão.

- Acho que o Caim bateu no Abel de novo...

Liberdade de expressão


Manifesto contra caricaturas do 'Charlie Hebdo' na Rússia


Um milhão de pessoas se reuniram na capital da República da Tchetchênia para protestar contra as caricaturas de Maomé publicadas pelo semanário Charlie Hebdo. 

Justo, muito justo. Liberdade de expressão é isso. Assim como o jornal tem o direito de publicar sátiras ridicularizando a Religião e suas doutrinas, os ofendidos têm todo o direito de criticar, repudiar e até mesmo denunciar a tal ofensa.

Desde o triste ocorrido com o Charlie Hebdo, há quem diga que as tais charges não deveriam ser publicadas. Os relativistas usam desse argumento para justificar a atrocidade. Outros usam para dizer que as charges eram ofensivas aos muçulmanos. 

Os relativistas nem devem ser levados a sério, por isso não precisa-se perder tempo respondendo tais absurdos. Já quem diz que as charges não deveriam ser publicadas, algumas considerações devem ser feitas. Me perguntaram nas redes sociais se eu defenderia "piadas ofensivas às mortes dos cartunistas em nome da liberdade de expressão" assim como defendo a "ofensa a muçulmanos em nome da liberdade de expressão".

Em primeiro lugar a expressão "defender a ofensa" é equivoca. Eu defendo o direito de que a "ofensa" seja publicada, não quer dizer que eu concorde com a ofensa. Dizer que defender o direito da ofensa ser publicada é o mesmo que defender a ofensa é desonesto. E não se trata de nenhum crime. Não há nada na lei que proíba o cidadão de dizer o que pensa. 

Agora, claro, liberdade de expressão implica em assumir responsabilidades pelo que se disse. Se o cidadão acabar cometendo um crime ao se expressar ele pode acabar arcando com as consequências: ser preso, pagar indenização, etc.

Os tchetchenios estão dando um verdadeiro show de civilidade ao usar da liberdade de expressão para criticar e repudiar as charges que consideram ofensivas, diferente de fanáticos religiosos que querem censurar a ofensa e com base na violência.

INVEJA DOS CHINESES

A China teve seu crescimento econômico mais lento em décadas. Desacelerou para 7,4 %. A economia tem o crescimento de 7% e os camaradas estão achando ruim, quem dera se a economia do Brasil tivesse um crescimento assim. O argumento é que a economia precisa se manter neste nível para gerar empregos suficientes para a enorme população chinesa. 

Acusação injusta na televisão

Era noite, meu vizinho começou a receber sucessivas mensagens em seu Whatsapp. Ao lê-las, foi tomado pelo susto. Soube que seu rosto aparece...