sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Horror na Áustria



Adoro os livros de Stephen King. Escritor de horror espetacular, ele consegue causar calafrios em qualquer um com suas obras. Carrie, Os justiceiros, Christine - O Carro Assassino, A Hora do Vampiro, entre outros livros, são algumas das obras desse mestre. Nos assustamos, porém admiramos e até adoramos tais obras, pois sabemos, evidentemente, que nada ali descrito não passa da mais pura ficção sobrenatural.

O mestre King não escreveu apenas ficção sobrenatural. Muito de seus escritos são realistas. Há, por exemplo, um poema sobre um caminhoneiro aparentemente pacato, mas que na verdade é um criminoso cruel. Novamente, admiramos a obra e a trama por se tratar de ficção. Qualquer pessoa de bom senso acharia horrendo se tal personagem fizesse tal coisa na vida real. É aquela ficção que nunca vamos querer que torne-se realidade.

Infelizmente, o contrário também ocorre: há fatos reais que gostaríamos que fosse apenas ficção. Saiu nos jornais (28/08) que foi encontrado na Áustria um caminhão-frigorífico com pelo menos 20 cadáveres de imigrantes. O fato, evidentemente, agravou ainda mais a crise imigratória.

Nas ficções de horror, sendo sobrenaturais ou realistas, há sempre um personagem ou entidade maquiavélica que causa o terror na trama. No caso da crise imigratória claro que não há uma entidade sobrenatural, mas vamos colocar aqui "sobrenatural" não como espíritos, demônios ou algo do tipo. "Sobrenatural" aqui será a definição de algo que induz o individuo a cometer crimes contra imigrantes. A "entidade sobrenatural", então será ódio coletivo contra a imigração.

Os personagens desse conto de horror da vida real são os extremistas da direita que são induzidos pelo ódio e ideologia anti-imigração. A "mocinha" do conto é a Angela Merkel, que disse estar "profundamente chocada" com o ocorrido e que não vai tolerar o xenofobia na Alemanha. O "mocinho" Werner Fayman, chanceler austríaco, tomou o papel "herói" dessa macabra história, pois prometeu combater ainda mais o tráfico de pessoas.

Seria interessante saber quem é o personagem ou personagens macabros que estão por trás desses 20 cadáveres de imigrantes. Quem é essa figura horrenda que deve ser posto o mais rápido possível atrás das grades?

Com o combate mais forte dos austríacos contra o tráfico de pessoas, o conto de horror vira um thriller de suspense, uma caçada de gato e rato. Seria fantástico se fosse ficção. Mas, infelizmente, é real.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O predador de Jerusalém (ou Os predadores)



Escrito em 03/08/2015

Yishai é um judeu ultraortodoxo e, portanto, não gosta de gays e palestinos. Inconformado com o dia do Orgulho Gay que ocorre em Israel, ele pretende dar fim nisso, em nome de Yhwh. Esse homem acredita que a faca da justiça irá vingar a Torá pela desobediência dos habitantes da "terra santa". Como um predador, ele esconde-se para agir. Quando os gays e simpatizantes da causa passam, ele dá o bote. "Homossexuais são abominações", diz Levítico. Como são "aberrações", devem ser mortos, é a mensagem do ato violento dele. Resultado: cinco feridos e uma adolescente morta. A faca da "justiça" vingou o deus violento do antigo testamento? O predador pensa que sim.

*

No universo mental de extremistas religiosos pouco importa agradar a lei dos homens - tem que agradar a Deus. O predador está pouco se lixando para as leis atuais de Israel - o que importa para ele é a Torá e nada mais. Mesmo que seja totalmente anacrônico hoje em dia. Aqui no Brasil, há um grupo fundamentalista cristão semelhante a este predador e que até já fez ataques a religiões de matriz afro. Os "demônios", segundo eles. Para eles é "Bíblia sim, constituição não". Por isso não temem as leis. Irão cometer até mesmo crimes em nome do deus cristão.

*

Outros predadores judeus cometeram um crime bárbaro na sexta-feira (31/07) na Cisjordânia. Dessa vez não foi a faca de Yhwh que foi usada para o ato de "justiça", mas sim fogo. Fogo consumidor. O bebê palestino Ali Dawabcheh, de 18 meses, morreu queimado e seus pais e irmão ficaram gravemente feridos.

*

Deuteronômio 4:24 diz que Yhwh, o deus dos predadores, é um fogo consumidor. Realmente, a vida de um bebê foi consumida pelo do deus do ódio pregado pelos colonos judeus. O mesmo versículo diz que Yhwh é "deus zeloso". Por anos leio e escuto a discussão sobre o tribalismo do deus dos judeus. Ele só é zeloso com seu povo, os judeus, dizem algumas crenças. E destrói seus inimigos. O 'inimigo' destruído da vez foi essa pobre criança.

Sete décadas do Yomi na Terra



Escrito para o Recanto das Letras no dia 06/08/2015.

6 de agosto de 1945. Nobuo Miyake está em um bonde na cidade de Hiroshima, Japão. Tudo está tranquilo. De repente um clarão surge no horizonte. A luz, semioticamente, representa a esperança. Mas nesse caso, não. Representa a morte, a destruição, a dor. Miyake percebe isso a tempo e consegue sair rápido do bonde, salvando-se.

O clarão era, na verdade, obra de um garoto. Um pequeno garoto. Enviado para matar e destruir os japoneses. O pequeno garoto desfez-se no ar e tornou-se uma bola de fogo que ao chocar com o chão foi capaz de matar 160 mil japoneses.

Há quem não goste de crianças. No caso do pequeno garoto, há bons motivos para não gostar dele. Ele exterminou muita gente. Ele tornou o mito do inferno algo real. Tornou o Yomi algo real. Os japoneses chamam o mundo dos mortos de Yomi. Dizem que os mortos vão lá para apodrecer. O pequeno garoto trouxe uma versão mil vezes pior.

Os mortos do Yomi tradicional continuam a existir, mas de maneira melancólica, escura e decadente. Os mortos e vivos do Yomi atômico continuam a existir de forma dolorosa, chocante e cruel. O que trouxe a destruição foi a luz, não a escuridão. Os vivos do Yomi, os "hibakushas", ou "pessoas afetadas pela explosão" ainda foram amaldiçoados com a estigma e o preconceito durante muito tempo.

terça-feira, 21 de julho de 2015

O inferno existe e localiza-se no Maranhão



O detento Ronalton Rabelo, 33 anos, estava prestes a ser solto no dia 11 de abril de 2013. No entanto, quando seu advogado chegou com o alvará de soltura, foi informado que o detento estava desaparecido há dez dias. O agente de inteligência revelou o que ocorreu com Rabelo: foi desossado. Cortaram seus pés, mãos, cada membro. Tiraram as vísceras, o coração. O detento havia sido assassinado na quadra de banho de sol do presídio, seus pedaços foram colocados em sacolas e distribuídos. Cozinharam-no na água com sal para evitar o odor. Comeram alguns dos órgãos.

Rafael Libório, 23 anos, era outro detento. Ele sumiu no presídio em 8 de agosto de 2014. Seu corpo foi encontrado em 12 de agosto de 2014 dentro de um saco plástico enterrado em um cela do presídio. Foi vítima do mesmo procedimento macabro que sofreu Rabelo: desossado. Cozinhado na água com sal. Vítima de um suposto canibalismo.

O que os dois casos têm comum? Primeiro, ocorreram no mesmo presídio: o Complexo presidiário das Pedrinhas, no Maranhão. Segundo, ambos os detentos foram vítimas - comidos em um ritual - da mesma facção: Anjos da Morte. Barra pesadíssima.

Dizem que esse complexo é o inferno na Terra. Talvez seja até pior. Esse local acumula inúmeras mortes violentas. Decapitações e esfolamentos. O perturbador é que até mesmo mulheres já foram entregues para serem estupradas e assim garantirem a segurança de seus familiares. Os demônios presos lá dentro já mandaram incendiar um ônibus e deixar os passageiros queimando lá dentro. 

Nesse presídio já ocorreram as piores atrocidades já vistas em presídios brasileiros. Segundo o jornalista Leonardo Sakamoto, por trás deste espetáculo de horrores promovido por essas facções há uma ação racional: "demonstrar força para outros grupos ou facções em disputas de poder, questionar a capacidade do poder público para punir, controlar a população que está em seu território de influência, ganhar aquela parte da mídia que divulga fatos de forma acrítica em nome da audiência".

Concordo plenamente. Sakamoto ainda compara as facções ao Estado Islâmico (EI) por causa da publicidade macabra cujo objetivos são os mesmos: controlar a população e afastar os inimigos.

A narrativa horrenda promovida por essas facções têm, infelizmente, dado resultado. O mito cristão nos fala sobre um lugar de tormento chamado "Hades" ou "inferno". A realidade nos fala sobre um local onde há decapitações, estupros, canibalismo e esfolamento. Ninguém chama de inferno, mas está bem próximo de ser. Ou pior. 

Com informações do site da Revista ÉPOCA

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Com discurso anticapitalista, Papa consegue admiração até de incrédulos como eu


Escrito em 10/07/2015



SALVADOR - Desde antes do discurso desta quinta (09/07) quando exortou os movimentos sociais e disse que o capitalismo é uma "ditadura sutil", o Papa Francisco já tinha minha admiração.

Ele é o Papa e eu sou incrédulo, mas com as posturas progressistas que ele vinha demonstrando fica difícil não concordar com ele. Nestes casos a posição religiosa pouco importa. O que importa é que ele compartilha das mesmas visões sociais que eu. Por isso ele tem minha admiração.

Quando li seu discurso na Bolívia, feita nesta quinta-feira, ele só subiu no meu conceito.

Segundo a Folha de São Paulo, ele disse: "Reconhecemos que este sistema impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza?". Isso diante de algumas centenas de representantes de movimentos sociais de vários países com MST, indígenas, sem tetos e quilombolas brasileiros.

Disse ainda que se o sistema prefere o lucro à dignidade humana e à natureza, esse sistema precisa ser mudado. "Uma mudança de estruturas", disse o Papa. Trabalhadores, camponeses, as comunidades, os povos e a "Mãe Terra" não estão mais aguentando esse sistema, disse a autoridade máxima da Igreja Católica.

Outro ponto interessante: Francisco criticou a concentração dos meios de comunicação. "A concentração monopólica dos meios de comunicação social que pretende impor pautas alienantes de consumo e certa uniformidade cultural".

Os protagonistas da revolução seriam os movimento sociais. O futuro da humanidade estaria, em grande parte, nas mãos destes "semeadores da mudança", explicou o Papa.

Segundo Leonardo Boff, Francisco fazia parte da "Teologia del Pueblo", uma versão argentina da Teologia da Libertação, mas que não adere à ideia da luta de classes. Esta teologia tem preferência pelos pobres. O Papa, então, tem o esquerdismo em suas origens. Quem o conhece não surpreende-se com esse discurso.

Seu biógrafo, o jornalista argentino Sergio Rubin, por exemplo, diz que ele não mudou as visões sociais que tem desde a época que era arcebispo. Continua o mesmo, com a diferença de que está mais articulado.

A preocupação de Francisco com os pobres é o que faz alguns paranoicos pensarem que ele é comunista. No entanto, importar-se com os pobres não é sinônimo de comunismo. Isso é pensamento de guerra fria. O personagem principal do Cristianismo tinha, segundo os evangelhos, muita preocupação com os pobres e oprimidos. Seria ele um comunista?

O Papa entende que ajudar os pobres é um dever cristão. É seguir o mestre. O capitalismo prejudica os pobres, não a toa ele pede que isso mude. Não se trata aqui de pedir para colocar comunismo ou socialismo no lugar, como alguns binários pensam. Mas sim de tornar o sistema um lugar bom para todos, sem exceção, viverem. Isso é justiça social.

"A distribuição justa dos frutos da terra e do trabalho humano não é mera filantropia. É um dever moral. Para os cristãos, a tarefa é ainda mais forte: é um mandamento. Trata-se de devolver aos pobres e aos povos o que lhes pertence."

Esse trecho vai na contramão de muitos que pensam que ser cristão é ir á igreja com bíblia embaixo do braço e dar dízimo para o pastor. Ou pregar e segregar homossexuais.

O Papa Francisco faz leituras humanistas da bíblia e por isso torna o Cristianismo atraente. Ele tem o meu respeito por isso. Diante dele, mesmo sendo ateu diria o quanto eu o admiro.

Muitos cristãos - sejam católicos ou não - deveriam seguir o exemplo dele. Ser humanistas. Parar de fazer leituras literais e anacrônicas da bíblia, o que torna o Cristianismo uma religião de ódio.

Encerro o artigo com as últimas palavras do discurso do Papa Francisco: "Digamos juntos de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem velhice digna. Sigam a sua luta e, por favor, cuidem muito da Mãe Terra."

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Porchat, o sensato

O ator Fábio Porchat disse, em entrevista à revista Playboy, que religião na política é atraso, pois não se discute nada por causa dela.

Não se discute legalização das drogas, nem homossexualidade ou sobre casamento gay.

Criticou ainda os opositores da legalização do aborto, que agem como se legalizar o aborto fosse o mesmo que obrigar toda mulher a abortar.

Porchat está totalmente certo.

Fundamentalistas religiosos agem com um medo apocalíptico e exagerado quando essas pautas são colocadas em discussão. Que dirá então quando são aprovadas.

Basta ver como reagiram quando foi liberado o casamento gay nos Estados Unidos.

Teve quem dissesse que a liberação do casamento gay significaria a extinção da humanidade. Como se todo hétero fosse se tornar gay por isso.

É de causar riso.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A epopeia do homossexual americano chega ao fim



Primeiro chegou ao fim a epopeia do negro americano. Em 1954, foi considerada ilegal a segregação racial nas escolas americanas. Mas o herói desse épico ainda luta até hoje contra o medusa do racismo. A epopeia da mulher também teve um final vitorioso com a legalização do aborto. Mas ainda teve que lidar com ogros cristãos que caçavam "abortistas". Hoje chegou ao fim a epopeia do homossexual americano. A Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as leis que proíbem o casamento de pessoas do mesmo sexo em estados americanos.

Fortemente ligada a valores cristãos, os Estados Unidos tem sido palco de vitórias dos heróis das epopeias das minorias. Ou seja, não tem ira de deus cristão que mude isso. Mas tem os ciclopes que ainda agem com violência. Por isso, o herói da epopeia dos homossexuais ainda tem muito o que lutar. Mas tem aliados importantes, como o juiz Anthony Kennedy: “A intenção não é perdoá-los nem deixá-los viver excluídos de uma das instituições mais antigas da civilização. Eles exigem a igualdade de direitos frente à lei. E a Constituição lhes concede esse direito”.

A epopeia do gay americano durou décadas. Foi uma luta contra a ira do deus cristão, contra os ciclopes, contra um exercito, contra a opinião pública e até mesmo contra juízes. Isso mesmo! Juízes, hoje aliados, já foram adversários do herói gay. As lutas, então, valeram a pena, pois houve uma virada radical de adversários. Pessoas que comoveram-se com esta batalha, hoje ganha.

"Como demonstram os demandantes desses casos, o casamento representa um amor que pode sobreviver à morte.", escreveu Kennedy na sentença. "Não teríamos compreendido esses casais se disséssemos que faltam com o respeito à ideia de casamento.”

De fato, o herói gay sobreviveu décadas de luta. Mas houve muitas perdas no seu exercito. Mas este herói é imortal. Há quem diga que ele exista desde antes da humanidade. Sua luta, porém, começou há "pouco tempo" e ela não existe apenas nos Estados Unidos. Existe em toda parte do mundo. Em alguns lugares sua luta é considerada crime. Em outros lugares, sua luta é estupidamente comparada ao nazismo ("gayzismo").

As decisões da Suprema Corte americana têm transformado os Estados Unidos em uma civilização. Nove magistrados têm sido importantes aliados para os heróis das minorias - garantindo-lhes direito. Já disse acima e repito: não há ira divina que impeça isso.

COMUNISMO

Em tempos em que a paranoia anticomunista é frequente aqui e nos EUA (Tea Party), o que dirá as extremas-direitas de ambos os países? Que a Suprema Corte é comunista? Que o poder do Foro de São Paulo chegou até lá? Tudo é possível.

ENQUANTO ISSO NO BRASIL...

Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de São Paulo, um empresário e um personal trainer, que agrediram um universitário gay, terão que pagar uma multa de R$ 21.250. Ambos deram socos e pontapés no estudante de direito André Cardoso Gomes. A vítima teve um corte na cabeça e hematomas embaixo do olho. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O anjo e o duende







Em Arcádia, o anjo e o duende relaxam encostados em uma árvore. É quando o duende faz um questionamento.

- Ei anjo, por que é normal as pessoas acreditarem em você, mas é um absurdo acreditarem em mim?

- Sabe que nunca pensei nisso?

- Eu também não. Mas acredito que tenha a ver com a bíblia.

- Ou porque sou um personagem mais foda que você.

- Nada disso. A bíblia é a responsável. Encarada como dona da verdade por bilhões, qualquer coisa escrita nela é vista como verdade sem questionamento. Você é citado nela. Eu não.

- Talvez você esteja certo. Mas por que este questionamento só agora?

- É que um rapaz foi inventar a igreja dos duendes na Terra e acabou sendo visto como maluco. Até internaram-o. Enquanto isso milhões fazem igrejas com nome de anjos e isso encarado como a coisa mais normal do mundo. Há até quem espalhe que existe "anjo da guarda". 

- Interessante...

- Enquanto isso eu sou visto como uma mera fantasia. Só existo em filmes, HQs, livros etc.

- ...

- A cultura cristã predominante fez isso. Agora tenho que aturar gozações aqui e na Terra.

- É, pode ser...

- Acho que se colocassem na bíblia que um bule voador é deus. Hoje teríamos pessoas idolatrando bules por todo o mundo.

- Verdade.

- Queria voltar no tempo e colocar "duende" no lugar de "Deus". Certeza de que hoje não seria chacota. Seria idolatrado. Igreja Universal do Reino de Deus seria Igreja Universal do Reino dos duendes. Assembléia de Deus seria Assembleia dos duendes etc.

- Acho que você tá certo. Vou voltar no tempo, talvez eu mude "deus" para "anjo" assim tomarei o lugar de deus.

- Vish! Acho que já vi essa história antes.

- Onde?

- Lúcifer, o anjo que tentou tomar o lugar de deus e tal...

- Puta merda. Eu tentei e fracassei. E acabei criando a lenda do anjo caído.

- Eu ia tentar voltar e mudar também. Mas deixa quieto. Vai que eu acabe criando uma lenda absurda sem querer.

sábado, 4 de abril de 2015

Todos os dias Jesus morre nas favelas



Nasceu Jesus! Não em Belém, como diz a Bíblia ou na Galileia, como diz os historiadores.

Nasceu no Complexo do Alemão, ou na Rocinha. Ou em qualquer uma das milhares de periferias/favelas pelo Brasil.

Não nasceu de uma virgem, tampouco é um semideus. 

É filho de José, carpinteiro. E de Maria, que vende doces em ônibus e tem que passar embaixo da catraca para voltar para casa.

Jesus não é branco de olhos azuis. É negro, pobre e favelado.

E não vai receber a visita de nenhum mago.

E não existe apenas um Herodes, existem vários. Usam fardas, andam fortemente armados e massacram inocentes. 

Jesus não é rei. Onde já se viu rei sofrer com a fome?

E o seu outro pai, Deus, o abandonou de vez. Todos os dias, com fome, comendo lixo e pedindo esmola pela rua, ele sempre clama "por que me abandonaste, pai?".

As pessoas não gostam desse Jesus. O chamam de preguiçoso, de inconsequente, de vagabundo.

Jesus não tem esperança, oportunidade e cedo ou tarde será acolhido pelo crime. Irá para a cadeia aos 16 anos, já que querem reduzir a maioridade penal. E lá ele ficará mais sanguinário ainda.

Alias, quem disse que ele chegará a essa idade?

Aos 13 anos foi assassinado por um Herodes, enquanto brincava de bola na rua. O Herodes ainda ameaçou matar José e Maria. 

E não vai haver ressurreição para ele.

E isso acontece diariamente nas periferias do Brasil. Mas fingimos que não. 

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A má-fé de Deus



No aforismo 91 de seu livro intitulado "Aurora", o filósofo Friedrich Nietzsche ironizou a suposta boa-fé do deus cristão. "Um Deus onisciente e onipotente que nem sequer cuidasse para que suas intenções fossem compreendidas por suas criaturas - seria ele um Deus de bondade?", escreveu o filósofo.
É um questionamento interessante e faz muito sentido. No meu processo para virar ateu eu percebi logo que seria uma crença infantil supor que há um Deus invisível observando tudo do céu e preocupado com meu destino, ao mesmo tempo em que Ele não dá uma demonstração sequer de que está mesmo fazendo isso. Como confiar?
Deixo claro que não acredito no deus cristão, pois eu penso (e tenho evidências disto) que o mesmo é uma construção cultural de um povo. Agora não posso afirmar que não existe mesmo um Criador que deu início ao universo e à humanidade - quanto a este eu sou agnóstico. No entanto, reconhecendo sua suposta existência devo dizer que se trata de um deus cruel, de muita má-fé e sua reputação está arruinada. Arruinada porque é omisso e também porque deixou outros inúmeros deuses criados pelo ser humano agirem em seu nome.
Penso também que Deus, se existe, deve ser um dramaturgo sádico. Percebam que obviamente os personagens de uma peça de teatro não sabem que são personagens e agem de acordo com o script do dramaturgo. Talvez seja assim com a humanidade. Talvez sejamos personagens de uma peça trágica e macabra escrita por Deus. Por ser onisciente, ele sabe de tudo. E portanto, sabe de nosso destino, o já escreveu. 
Penso também que Deus pode ser um ser de mistérios e não quer se revelar ainda. Por isso talvez ele esteja brincando de identidade secreta, pode ser que esteja por aí disfarçado de humano, tomando cerveja e fazendo sexo com prostitutas. Um dia ele se revela e fala que sacaneou todo mundo por achar divertido.

domingo, 8 de março de 2015

Jazz



Quando eu era adolescente não tinha interesse nenhum em qualquer tipo de música - só em aberturas de anime. Posteriormente, na fase do 14-15 anos comecei a ser influenciado pelo "pagode" local cuja as letras têm forte teor machista. Ainda bem que mais a frente eu perdi o interesse nisso.

Na faixa dos 17-18 anos eu comecei a me interessar por MPB, até hoje escuto, gosto bastante. Mas "musicamente" falando, me interessar por Jazz foi a melhor coisa que me aconteceu.

Eu não me interessei diretamente. O que abriu o caminho foi o fascínio imenso pelo historiador britânico Eric Hobsbawm (1917-2012). Queria ser igual a ele e por isso passei a comprar, ler e estudar bastante seus livros. Por conta disso, passei também a me interessar por Jazz, já que o Hobsbawm era considerado o "historiador do jazz".

Seu livro "História social do Jazz" é simplesmente fantástico. O que esse livro contou me fez gostar ainda mais do jazz. Nele, Hobsbawm explica que o Jazz foi uma criação revolucionária dos negros, um elemento de resistência às circunstâncias cruéis em que foram submetidos durante séculos. Me identifiquei muito com esse relato, até porque eu sou negro. 

Desde então, tenho me dedicado ao Jazz. Não apenas escutando grandes músicos como John Coltrane, Miles Davis, Nina Simone, Charles Mingus, Charlie Parker, etc., (melhor parar senão toma todo o espaço), como também tenho me dedicando a estudar esse gênero, conhecer sua história e, quem sabe, até tocar um dia.

Querer ser como Hobsbawm só me trouxe benefícios. Além de seus livros terem  me feito gostar do jazz, ainda me tornou muito bom em história. O triste é que ele morreu no dia do meu aniversário. 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O que esperar de Death Note - O musical?


Pôster do musical

Foi anunciado recentemente que um musical de Death Note estará em cartaz entre os dias 6 e 29 de Abril no Nissay Theatre, em Tóquio, no Japão. Eu sinceramente fico temeroso com adaptações de HQs para Teatro. O trauma surgiu no fracasso do musical do Homem-aranha na Broadway. Mas acredito que dessa vez dará certo, Death Note é de um gênero muito distinto do Homem-aranha, nem tem como comparar. Não que um seja melhor que o outro, mas acredito que Death Note seja mais "adaptável" ao Teatro do que Homem-aranha. Além disso, não será qualquer um que irá produzir esse espetáculo.

Frank Wildhorn será o compositor da trilha musical. O cara é bom, foi responsável pelo musical de suspense Jekyll & Hyde, que ficou em cartaz quatro anos na Broadway, e também já compôs para a cantora Whitney Houston. As letras das músicas serão escritas por Jack Murphy, outro grande nome do Teatro. Murphy já trabalhou com Frank e a dupla já chegou a ter sucesso notável na Europa e em outras partes do mundo.

O roteiro será escrito pelo argumentista Ivan Menchell, que já escreveu o filme The Cemetery Club, entre outros que não foram destaque na crítica. Pode se dizer que ele é um argumentista comum, sem muito brilho, mas capaz de realizar um bom show.

O diretor será o Tamiya Kuriyama, que tudo indica ser muito bom. Ele se destacou artisticamente no Japão a ponto de receber uma Medalha de Honra do Governo japonês. 

Kenji Urai e Hayato Kakizawa interpretarão o protagonista Raito Yagami/Kira. O primeiro já participou de diversos musicais e peças de Teatro como Henry VI, uma adaptação da obra de Shakespeare. O segundo costuma atuar mais em dramas na TV japonesa. L será interpretado por Teppei Koike, um ator e cantor de J-pop. Misa Amane será interpretada por Fuka Yuzuki, não consegui informações sobre ela. Nunca vi esses atores citados anteriormente atuarem, então não posso dizer aqui se escolher eles para atuarem nesse musical foi uma boa escolha. Mas torço por eles. 

Em suma, por não assistir muitos filmes e teledramas japoneses não posso me garantir com os atores. Mas os responsáveis pela produção são de qualidade, por isso acredito que esse musical poderá ser um sucesso.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Não sou um escritor dogmático



Eu tenho um próprio código de ética. Ele diz que o escritor, ou seja, eu, não posso me apegar a nenhum dogma - seja religioso, político ou o que quer que seja. Acredito que isso de certa forma atrapalharia meu trabalho.

Não consigo me imaginar escrevendo uma reportagem, uma crônica ou um romance enquanto penso: "oh, não posso escrever isto, senão estarei pecando!" ou "eita, tenho que apagar isso, não quero blasfemar", ou "será que Alah irá se ofender com essa frase?". Ou então não consigo me imaginar escrevendo para agradar determinado grupo que defende tal ideologia política: "tenho que ter cautela, não posso irritar meus camaradas da esquerda" ou "eita, será que meus amigos direitistas não vão se ofender?", "aparento ser de direita ou esquerda escrevendo isto?". Claro que sou de esquerda, mas nem por isso deixo de critica-la e não sou convicto, tampouco busco agradar os esquerdistas com os meus textos.

Dogmas religiosos são um dos maiores inimigos do conhecimento. E impede um bom trabalho. Um repórter evangélico fervoroso jamais faria uma reportagem sobre religiões Afro-brasileiras. Um muçulmano ortodoxo não escreveria nada relacionado a suínos. Nesta barreira para atingir o conhecimento eu incluo até o dogma ateísta. Se eu ainda fosse um ateu estilo Richard Dawkins, jamais enxergaria a beleza literária da Bíblia, do Alcorão, do Avesta, e não conseguiria progredir como escritor.

Dogmas políticos também são um dos maiores inimigos do conhecimento. Um esquerdista fanático político se recusa a ler qualquer pensador de direita - talvez pense que vá se tornar direitista fazendo isso. Um fanático de direita também se recusa a ler qualquer pensador de esquerda, e isso já aconteceu de verdade.

Acho que um escritor deve ser como um filósofo. Livre, desprovido de qualquer dogma, e que busca sempre se inspirar em qualquer coisa: seja na Bíblia, seja no Alcorão. Seja na esquerda, seja na direita. A demonização irracional de todas é retrocesso intelectual. 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Esquerda antidemocrática [2]




Engana- se quem pensa que os diversos absurdos ditos para defender ditaduras e o fascínio por arbitrariedade e violência que certa esquerda tem existem apenas na internet. Até mesmo partidos políticos de esquerda considerados "sérios" entram na lista.

Irônico é ver certa turma acusar a direita de ter mentalidade de guerra fria, enquanto na prática se faz o mesmo. Exemplo é um antiamericanismo infantil - herdado da própria guerra fria - que faz diversos esquerdistas apoiarem qualquer grupo que se diga antiamericano, não importa se tal grupo é violador de direitos que a própria esquerda lutou historicamente para que as minorias as tenham. E não apenas o discurso antiamericano joga os esquerdistas para esse lado, como também o discurso anti-imperialista. Claro que o imperialismo deve ser combatido, mas o que esse pessoal faz é demais. E não estou falando de gente boçal falando boçalidades na internet, mas sim de partidos políticos que se dizem sérios. 


Cito como exemplo o PCO - Partido da Causa Operária - que nas eleições apoiou, através de seu candidato Rui Costa, o Hamas - aquele grupo fundamentalista islâmico. Olha só a que ponto chegamos! A esquerda, que sempre combateu fundamentalismo religioso, agora se junta a mesma só por causa de um discurso anti-imperialista. E não apenas isso, tem mais absurdos. Palavras do próprio Rui Costa



"Nós apoiamos a luta do governo do Irã contra o imperialismo, e o governo do Irã é de tipo religioso; nós apoiamos a luta do nacionalismo burguês da Venezuela contra o Imperialismo, e nós somos um partido operário que luta contra a burguesia em todos os lugares; por isso nós temos que apoiar o Hamas. As pessoas se confundem. Se o Hamas é um grupo religioso, não tem a menor importância. Se o Hamas é um grupo que não reconhece os direitos das mulheres, dos homossexuais e outros direitos que eles não reconhecem mesmo, não tem a menor importância. Não se trata absolutamente disso." 

É tipo "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". É isso que tem sido a Esquerda no Brasil, e o pior de tudo é que não apenas esse partido, mas outros como PCB, PC do B, PSTU e até gente do PT também declararam apoiar esse grupo fundamentalista.


Absurdos ditos pelo sr. Rui Costa poderiam ter sido dito por qualquer boçal na internet, mas não, foi dito, por um partido político que se diz "sério". Como diz Zizek, com uma esquerda como essa, quem precisa de direita?

Esquerda antidemocrática



Nos anos 1950, diversos intelectuais de esquerda se desiludiram com o Stalinismo e com o Partido Comunista. Nem por isso deixaram de ser de esquerda, mas buscaram dar outra direção a essa ideologia política. Aprenderam com os erros.

Infelizmente, há quem nunca aprenda. Falo da Esquerda brasileira atual, com parte dela querendo persistir no fracasso do socialismo real e tentando defender todo tipo de ditadura de esquerda que existe pelo mundo afora.

Evidência disto é que é praticamente um dogma dentro da esquerda defender Cuba, Venezuela e, em casos extremos, a Coreia do Norte. Se diga de esquerda, ouse contrariar algum desses governos e seja chamado pejorativamente de "Trosko" (ou "Troskista"), Liberal, "new left" ou até mesmo "coxinha". Você não pode se posicionar criticamente contra esses governos, tem que aceitar o dogma sem contestar, ou terá sua "carteira" de esquerdista cassada. Algo semelhante a uma religião.

Um dia vi no Facebook um rapaz dizer que é dever de todo marxista defender a URSS de toda a crítica. Ou seja, não há problematização, estudo ou pesquisa sobre esse finado país. O que há é fé ideológica e defesa cega. Também já vi um stalinista dizer que não se deveria levar a sério as denúncias de George Orwell e Hannah Arendt acerca do stalinismo porque os dois se tratavam de "apenas escritores". Uma tentativa infantil de desmoralizar os críticos, só porque se sentiu ofendido por ter seu "deus" contestado.

Então o esquerdismo brasileiro tem virado um tipo de religião. Não há estudo, há dogmas incontestáveis. Não há crítica, há adoração. "Toda glória ao exercito vermelho!", disse, certa vez, um esquerdista no Facebook.

O pior é que não é apenas isso, há até também o fascínio pela antidemocracia e pela arbitrariedade de governos supostamente de esquerda. Recentemente, o presidente venezuelano Nicolás Maduro mandou prender o prefeito de Caracas com a acusação (sem provas) de que ele estava conspirando contra o governo. Os ânimos dos auto-intitulados esquerdistas foram acirrados nas redes sociais, com gente dizendo "Viva o Chavismo!", "remover os inimigos do povo!", entre outras pérolas.

Ser de esquerda, acredito eu, é ser contra a barbárie e antidemocracia. Esses esquerdistas não são coerentes com sua posição ideológica. Acho até que a Direita tem sido mais coerente que a esquerda aqui no Brasil. Os direitistas saem para pedir golpe militar, isso é um absurdo, mas é ser coerente, até porque a direita é golpista e não aceita perder. 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Beisebol e Eu


Resultado de imagem para Peanuts strip 3 june 1952

Essa tira do Peanuts basicamente resume a minha infância com o beisebol. Todo mundo que tenha ciência da existência desse esporte sabe o quanto ele é popular nos EUA, mas aqui no Brasil, acho (sim, apenas "acho", pois não tenho dados) que não chega nem a 1% de popularidade. Acredito que grande parte dos brasileiros nem saiba que esse emocionante esporte existe.

Quando eu era pequeno tive meu primeiro contato com o beisebol através de um canal na finada Tv por assinatura "DirecTV". Esse canal só passava beisebol. Me atraiu logo de cara, mas tava difícil entender os jogos.

Tive que aprender as regras para entender, o que acabou acontecendo mais tarde e de uma forma peculiar: jogando video game. E não foi jogando MLB no PS2 com aqueles gráficos fenomenais, foi jogando joguinhos do Nintendo, com gráficos 2D e, salve engano, de 16 bits.

Aprender as regras foi a ponte para me atrair ainda mais a esse esporte. Por alguma razão o canal da DireTV passava mais os jogos do New York Yankees. Resultado: me tornei torcedor desse time.

Chegou um momento nessa minha infância que fiquei tão viciado e fascinado pelo beisebol que queria joga-lo, mesmo de brincadeira. Tentei convencer meus amigos na rua a jogar, consegui, mas a tentativa de jogar foi um fracasso. Depois, ninguém mais quis tentar e aí minha relação com o beisebol virou isso que a tirinha de Peanuts mostra.

Até hoje continuo amando esse esporte. E não apenas acompanho a liga americana, como também a liga japonesa, a canadense e até a cubana, entre outros. Espero um dia virar um repórter que também cubra e escreva sobre jogos de beisebol.

Miyazaki e Charlie Hebdo


Hayao Miyazaki disse que a publicação das caricaturas <i> Charlie Hebdo </ i> foi "um erro".

Em entrevista a uma rádio japonesa, o animador japonês Hayao Miyazaki afirmou que considera as caricaturas do Charlie Hebdo um "erro", pois não se deve fazer caricaturas daquilo que diferentes culturas adoram. Ele ainda afirmou que o semanal satírico deveria abordar apenas a política de seu país. “Em primeiro lugar e acima de tudo, as caricaturas deviam ser dos políticos dos seus próprios países. Parece simplesmente suspeito ir atrás de líderes políticos de outros países”, afirmou.

A análise de Miyazaki é errônea por alguns motivos. A começar que ele se baseou em charges descontextualizadas, o mesmo erro estapafúrdio que muitos aqui no Brasil cometeram. Todas as caricaturas ou charges do Charlie Hebdo veem acompanhadas de um texto. Sem o texto, muitas vezes não há como entender o desenho. Foi por isso que muitos aqui no Brasil não entenderam e acusaram o jornal até mesmo de ser racista.

O grande animador japonês também parece não saber o significado de uma sátira. A sátira não tem fronteiras. Não tem nada de suspeito em satirizar políticos de outro país, isso é algo normal - é humor político. Se tal desenhista tem conhecimento de tal situação política de outro país, por que não deveria fazer um desenho sobre essa situação? 

Se alguém alegar que é porque não se pode desenhar coisas que ofendam outras culturas, então o desenho Peppa Pig deveria sair do ar, pois basta apenas a palavra "porco" para ofender muitos muçulmanos e judeus.

A afirmação sobre ser um erro fazer desenhos daquilo que diferentes culturas adoram é que é um erro. Suponha-se que uma cultura x resolva adorar gatos e venera-los como deuses. Deveríamos parar de desenhar gatos só para não cometer o erro de ofender tal cultura? Vale lembrar que a vaca na Índia é sagrada. Deve-se, então, parar de caricaturar vacas?

Miyazaki é um grande artista e é muito inteligente, mas usou de argumentos fracos para defender sua opinião.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Um ato de Deus



Em Maio, vai estrear na Broadway, a peça "An Act of God", estrelado por Jim Parsons (que interpreta o personagem Sheldon Cooper em The Big Bang Theory) no papel de Deus. 

A sinopse diz que a peça "revela os mistérios da Bíblia ao responder às perguntas existenciais que têm atormentado a humanidade, desde a criação, em apenas 90 minutos". 

Não sei, possivelmente haverá religiosos dando chiliques e até protestando contra a peça - como fizeram com o musical Jesus Superstar. O que será ridículo. 

O fato é que essa dramaturgia pode até mesmo atrair pessoas a quererem se interessar mais pelo cristianismo. Uma peça de teatro consegue ser mais atrativa do que qualquer catecismo e do que as páginas enfadonhas da Bíblia.

A arte consegue explicar os deuses e suas mitologias muito melhor do que os livros sagrados das religiões. Tomo como exemplo a obra "O Evangelho em Breve" de Leo Tolstói, que conseguiu se sair melhor que os próprios evangelhos ao convencer um ateu a se encantar com o Cristianismo. Outro exemplo é a música "Cidadão", composta por Lúcio Barbosa, cuja parte final é uma poesia criacionista que consegue ser mais linda e emocionante que o próprio mito de criação presente no Gênesis.

Deus finalmente fará sua estréia na Broadway e, na pele de Jim Parsons, certamente será um deus muito mais atrativo e engraçado do que o original.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Os demônios são reais


Demons (Fyodor Dostoyevsky).jpg

Em 1872, o genial escritor Fiódor Dostoiévsk publicou um romance intitulado "Os demônios" (ou "Os Possessos"). O livro é um testemunho e critica às ideologias radicais e cruéis que surgiram na Russia Imperial do século XIX. Dostoiévsk lia jornais e usava as noticias ruins como motivação para escrever seus romances. O romance "Os demônios", por exemplo, foi motivado por um ocorrido lamentável: o assassinato de um estudante nas mãos de um grupo niilista fanático. 

A obra é do século XIX, mas de lá pra cá, espantosamente, sempre esteve atual. Ideologias cruéis ainda permanecem bem vivas e mostram suas garras - sejam em práticas violentas de radicais islâmicos, em "caça-comunistas" no Facebook ou até mesmo em conversas entre stalinistas nas redes sociais, em que buscam justificar o fuzilamento de crianças - filhos do Czar - em julho de 1918, meses depois da Revolução de 1917.

A extrema-direita e a extrema-esquerda podem estar nos extremos opostos do espectro político, mas há algo em comum que os torna semelhantes: o extremismo. Ambos são adeptos da violência, da guerra, da atrocidade, do massacre - ambos colocam a ideologia acima da vida humana, dos direitos humanos e do bom senso. Infelizmente eles conseguem ter muita voz. Felizmente, conseguem poucos votos.

De qualquer forma, há adeptos dessas ideologias da violência, ou seja, os demônios do romance de Dostoiévsk existem e estão por aí. E esses demônios são ainda mais perversos que os demônios da mitologia cristã - que não passam de atores de espetáculos religiosos ridículos para atrair dinheiro. Os demônios políticos são reais, e eles matam, fizeram e ainda fazem vítimas por todo o mundo.

Não sei quem foi, mas disseram que o individuo pode morrer, já suas ideias nunca. É lindo essa frase quando se fala de ideias boas. Porém terrível, quando se percebe que ideias más também não morrem. Hitler e Stálin podem ter morrido, mas, infelizmente, suas ideias cruéis e fanáticas ainda permanecem vivas. 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Os demônios




Os revolucionários invadem a casa Ipatiev onde estão o Czar Nicolau II e sua família. Estão lá a mando de Lênin. Estão lá para executar o Czar, que morre sem resistência. Sua mulher também é assassinada. O médico da família ainda resiste, mas sucumbe às balas dos revolucionários. A camareira da imperatriz se esconde no armário, mas é descoberta e também é executada. 

Os revolucionários gritam "morte à burguesia" enquanto caçam um cozinheiro do Czar pela casa. Ao ser encontrado, o cozinheiro implora pela vida, diz não ser burguês, os revolucionários conversam entre si:

- O que fazemos com esse cozinheiro? Ele não é burguês.

- Mata!

- Mas por quê?

- Porque ele é cúmplice do Czar.

E assim o cozinheiro virou mais uma vítima dos revolucionários. Mas será que são mesmo revolucionários? Há quem os chame de golpistas, já que derrubaram uma instituição liberal. Mas é outra história.

Sobrou ainda seis pessoas na casa. O servo do Czar conseguiu balear um dos revolucionários, mas foi morto. Sobraram ainda cinco crianças - um menino e quatro meninas. Os revolucionários não sabem o que fazer.

- E agora o que faremos?

- Mataremos essas crianças.

- Ficou doido? São só crianças, civis inocentes.

- Mata. Não existe civis inocentes na burguesia.

- Mas essas crianças não são ameaças.

- Mata, rapaz! Eu estou mandando. Milhões de crianças pobres morrem diariamente e ninguém diz nada, e agora você dá chilique por causa de fedelhos burgueses?

- Não vejo motivo pra fazer isso. E você acha que matar essas crianças inocentes irá trazer de volta alguma criança pobre que morreu ?

- Chega de conversa, morra, rapaz!

Um revolucionário mata o outro.

- Zirkov mata essas crianças. No contexto revolucionário se pode tudo.

- Diferente do outro, Zirkov é impiedoso - ele fuzila as crianças.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O motivo dos aliens nunca virem falar conosco




Ezequiel estava junto ao rio Quebar quando viu uma nuvem com fogo nos céus se aproximar. Do meio do fogo saiu um metal brilhante semelhante a uma nave espacial, do meio das nuvens saíram quatro seres que tinham a semelhança de um homem - a diferença é que tinham quatro rostos e asas. Ezequiel começa a se mijar de medo e orar para Jeová. Ele tenta correr, mas tropeça. Apenas um dos quatro seres se aproxima e fala:

- Calma, terráqueo, não vamos te machucar. Somos de outro planeta, viemos em paz.

- Ufa, ainda bem. Pensei que iam me machucar.

- Não, mas gostaria de conhecer um pouco desse planeta. Poderia me levar até o seu líder?

- Claro, é o deus Jeová, criador de todas as coisas. Inclusive seu criador.

- Não, Jeová é um mito - andamos estudando vocês terráqueos há muito tempo e chegamos a conclusão de que vocês criam deuses para si, para pôr fim às suas dúvidas de como a ordem surgiu do caos.

- Olha, eu estou começando a achar que você é, na verdade, alguma manifestação do mal querendo colocar coisas na minha cabeça.

- Na verdade, não. Eu só quero que você me faça conhecer o seu mundo, apenas.

- Certo, mas você tem que se converter a Jeová. Senão será destruído no dia do Juízo dele. Eu tive uma visão disso.

- Terráqueo, eu não acredito nessas coisas. E nem quero acreditar. E humanos não têm visões futuras, isso é impossível.

- Nunca duvide a palavra do meu senhor, ser estranho. Já conversou com ele hoje?

- Não sou de falar sozinho.

- Não é falar sozinho, ele existe. E vai te condenar. Converta-te, herege!

- Olha, melhor não...

- Converta-te ou morra, é a lei do meu senhor!

- Ok, ok... Tá vendo aquele arbusto ali? Vai ali, conte até dez e volte. Enquanto você conta, eu vou orando e me convertendo. É porque sou tímido, não gosto de ser visto fazendo essas coisas.

- Certo!

Ezequiel vai até o arbusto e começa a contar. O ser estranho, em vez de orar, corre para seus outros companheiros e todos voltam para a nave.

- Acelera para bem longe desse planeta. Nunca mais voltaremos. E vou espalhar por aí para outros seres do universo a nunca visitarem esse planeta. Os terráqueos com seus deuses são muito chatos!

Obama comunista?

Barack Obama faz o discurso do Estado da União, tendo ao fundo o vice-presidente, Joe Biden (esquerda) e o presidente do Congresso, John Boehner (Foto: Reuters/Mandel Ngan/Pool)
(Foto: Reuters/Mandel Ngan/Pool)
Em um discurso diante de um congresso totalmente controlado pela oposição, o presidente norte-americano Barack Obama propôs elevar taxas para os mais ricos, defendeu o reatamento com Cuba - e também a pôr fim no embargo, e ainda condenou "a perseguição a mulheres, minorias religiosas ou pessoas que são lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros". Realmente um discurso progressista.

No entanto, as mentes que ainda parecem viver nos porões da guerra fria pensarão que esse discurso é a prova definitiva do comunismo do presidente norte-americano. Nos EUA, o movimento ultrarreacionário Tea Party defenderá essa tese absurda. Aqui no Brasil, uma extrema-direita desmiolada que se prolifera cada vez mais na internet - liderada por um astrólogo - saíra repetindo essa bobagem aos quatro cantos.

Para essa gente, basta que qualquer governo se proponha a reduzir a pobreza para ser considerado comunista - não é a toa que dizem que os governos neo-populistas da America Latina são comunistas.  Que dirá, então, do governo que eleve taxas para os mais ricos, defenda minorias, reate com Cuba e até mesmo ponha fim em seu embargo? Certamente esses teóricos da conspiração pensarão ser o fim dos tempos - o apocalipse comunista (!).

A realidade é que as propostas de Obama, como elevar taxas para os mais ricos e defender minorias, podem até ser pautas esquerdistas, mas são socialdemocratas. O reatamento com Cuba e a proposta para o fim de seu embargo são sinais de que a página da guerra fria foi virada, como o próprio Obama disse em seu discurso.

Os teóricos da conspiração da extrema-direita poderiam também virar a página e abandonar as paranoias de época de guerra fria que ainda permanecem em suas mentes. 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Adão e Eva - um diálogo impossível


Após sete anos no jardim do Éden, Adão e Eva foram expulsos por Jeová. O motivo? Ambos comeram o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal - por isso passaram a ter conhecimento de que estavam nus. A responsável por isso é a serpente que tentou Adão e Eva a comerem esse fruto. Jeová coloca vestes no casal e o ordena a morar em uma caverna.

Alguns anos depois:

- Eva, agora eu vim me tocar, e se a serpente estava certa esse tempo todo?

- O quê? Por que diz isso, Adão?

- Veja bem, ela nos fez ter conhecimento - algo que o nosso Pai estava escondendo de nós.

- Adão, para, ele pode estar escutando.

- Não está escutando p*rra nenhuma. Ele não é nenhum onisciente, isso é lorota. Se é onisciente, por que então não sabia que íamos comer aquele fruto? 

- Não sei, eu sei que não pode entender os mistérios do Pai.

- Mistérios do Pai ?!? Eva, pelo amor daquele safado, isso é conversa para boi dormir. O conhecimento é algo bom, ele nos fez perceber que estávamos nus!

- Algo tão bom que nos fez sair daquele lindo paraíso para morar nessa caverna suja e fedorenta.

- Você preferiria continuar sendo uma cobaia daquele deus de araque que não consegue nem prever o futuro? Preferiria continuar cega e desprovida de conhecimento só porque aquele lugar era confortante, Eva?

- Sim, e talvez no fundo você também. O sexo era melhor no jardim, aqui nessa caverna é o rato mordendo seu traseiro o tempo inteiro.

- Eva, mesmo com ratos me mordendo, talvez transar aqui seja melhor. Sinceramente não dá para se sentir à vontade mesmo em lugar confortável quando há um deus voyeur nos assistindo. Quer dizer que até nisso o safado nos fez de cobaia.

- Adão, esse tal "conhecimento" vai te deixar maluco.

- Pode ser, mas esse deus não perde por esperar. O conhecimento vai se proliferar. Ele me amaldiçoou, eu amaldiçoo-o de volta: os humanos das gerações seguintes questionarão esse deus fajuto e em breve ele cairá no esquecimento, como um mito - e nada poderá fazer, pois é um deus de araque.

- Tá, agora vai dormir, querido.

- Até mesmo as mulheres questionarão esse deus, Eva. Pena que não ficarei vivo para ver.

Um choro vem do quarto das crianças.

- Mas que raios está acontecendo? - perguntou o assustado Adão.

- Acho que o Caim bateu no Abel de novo...

Liberdade de expressão


Manifesto contra caricaturas do 'Charlie Hebdo' na Rússia


Um milhão de pessoas se reuniram na capital da República da Tchetchênia para protestar contra as caricaturas de Maomé publicadas pelo semanário Charlie Hebdo. 

Justo, muito justo. Liberdade de expressão é isso. Assim como o jornal tem o direito de publicar sátiras ridicularizando a Religião e suas doutrinas, os ofendidos têm todo o direito de criticar, repudiar e até mesmo denunciar a tal ofensa.

Desde o triste ocorrido com o Charlie Hebdo, há quem diga que as tais charges não deveriam ser publicadas. Os relativistas usam desse argumento para justificar a atrocidade. Outros usam para dizer que as charges eram ofensivas aos muçulmanos. 

Os relativistas nem devem ser levados a sério, por isso não precisa-se perder tempo respondendo tais absurdos. Já quem diz que as charges não deveriam ser publicadas, algumas considerações devem ser feitas. Me perguntaram nas redes sociais se eu defenderia "piadas ofensivas às mortes dos cartunistas em nome da liberdade de expressão" assim como defendo a "ofensa a muçulmanos em nome da liberdade de expressão".

Em primeiro lugar a expressão "defender a ofensa" é equivoca. Eu defendo o direito de que a "ofensa" seja publicada, não quer dizer que eu concorde com a ofensa. Dizer que defender o direito da ofensa ser publicada é o mesmo que defender a ofensa é desonesto. E não se trata de nenhum crime. Não há nada na lei que proíba o cidadão de dizer o que pensa. 

Agora, claro, liberdade de expressão implica em assumir responsabilidades pelo que se disse. Se o cidadão acabar cometendo um crime ao se expressar ele pode acabar arcando com as consequências: ser preso, pagar indenização, etc.

Os tchetchenios estão dando um verdadeiro show de civilidade ao usar da liberdade de expressão para criticar e repudiar as charges que consideram ofensivas, diferente de fanáticos religiosos que querem censurar a ofensa e com base na violência.

INVEJA DOS CHINESES

A China teve seu crescimento econômico mais lento em décadas. Desacelerou para 7,4 %. A economia tem o crescimento de 7% e os camaradas estão achando ruim, quem dera se a economia do Brasil tivesse um crescimento assim. O argumento é que a economia precisa se manter neste nível para gerar empregos suficientes para a enorme população chinesa. 

Acusação injusta na televisão

Era noite, meu vizinho começou a receber sucessivas mensagens em seu Whatsapp. Ao lê-las, foi tomado pelo susto. Soube que seu rosto aparece...