sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Horror na Áustria



Adoro os livros de Stephen King. Escritor de horror espetacular, ele consegue causar calafrios em qualquer um com suas obras. Carrie, Os justiceiros, Christine - O Carro Assassino, A Hora do Vampiro, entre outros livros, são algumas das obras desse mestre. Nos assustamos, porém admiramos e até adoramos tais obras, pois sabemos, evidentemente, que nada ali descrito não passa da mais pura ficção sobrenatural.

O mestre King não escreveu apenas ficção sobrenatural. Muito de seus escritos são realistas. Há, por exemplo, um poema sobre um caminhoneiro aparentemente pacato, mas que na verdade é um criminoso cruel. Novamente, admiramos a obra e a trama por se tratar de ficção. Qualquer pessoa de bom senso acharia horrendo se tal personagem fizesse tal coisa na vida real. É aquela ficção que nunca vamos querer que torne-se realidade.

Infelizmente, o contrário também ocorre: há fatos reais que gostaríamos que fosse apenas ficção. Saiu nos jornais (28/08) que foi encontrado na Áustria um caminhão-frigorífico com pelo menos 20 cadáveres de imigrantes. O fato, evidentemente, agravou ainda mais a crise imigratória.

Nas ficções de horror, sendo sobrenaturais ou realistas, há sempre um personagem ou entidade maquiavélica que causa o terror na trama. No caso da crise imigratória claro que não há uma entidade sobrenatural, mas vamos colocar aqui "sobrenatural" não como espíritos, demônios ou algo do tipo. "Sobrenatural" aqui será a definição de algo que induz o individuo a cometer crimes contra imigrantes. A "entidade sobrenatural", então será ódio coletivo contra a imigração.

Os personagens desse conto de horror da vida real são os extremistas da direita que são induzidos pelo ódio e ideologia anti-imigração. A "mocinha" do conto é a Angela Merkel, que disse estar "profundamente chocada" com o ocorrido e que não vai tolerar o xenofobia na Alemanha. O "mocinho" Werner Fayman, chanceler austríaco, tomou o papel "herói" dessa macabra história, pois prometeu combater ainda mais o tráfico de pessoas.

Seria interessante saber quem é o personagem ou personagens macabros que estão por trás desses 20 cadáveres de imigrantes. Quem é essa figura horrenda que deve ser posto o mais rápido possível atrás das grades?

Com o combate mais forte dos austríacos contra o tráfico de pessoas, o conto de horror vira um thriller de suspense, uma caçada de gato e rato. Seria fantástico se fosse ficção. Mas, infelizmente, é real.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O predador de Jerusalém (ou Os predadores)



Escrito em 03/08/2015

Yishai é um judeu ultraortodoxo e, portanto, não gosta de gays e palestinos. Inconformado com o dia do Orgulho Gay que ocorre em Israel, ele pretende dar fim nisso, em nome de Yhwh. Esse homem acredita que a faca da justiça irá vingar a Torá pela desobediência dos habitantes da "terra santa". Como um predador, ele esconde-se para agir. Quando os gays e simpatizantes da causa passam, ele dá o bote. "Homossexuais são abominações", diz Levítico. Como são "aberrações", devem ser mortos, é a mensagem do ato violento dele. Resultado: cinco feridos e uma adolescente morta. A faca da "justiça" vingou o deus violento do antigo testamento? O predador pensa que sim.

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No universo mental de extremistas religiosos pouco importa agradar a lei dos homens - tem que agradar a Deus. O predador está pouco se lixando para as leis atuais de Israel - o que importa para ele é a Torá e nada mais. Mesmo que seja totalmente anacrônico hoje em dia. Aqui no Brasil, há um grupo fundamentalista cristão semelhante a este predador e que até já fez ataques a religiões de matriz afro. Os "demônios", segundo eles. Para eles é "Bíblia sim, constituição não". Por isso não temem as leis. Irão cometer até mesmo crimes em nome do deus cristão.

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Outros predadores judeus cometeram um crime bárbaro na sexta-feira (31/07) na Cisjordânia. Dessa vez não foi a faca de Yhwh que foi usada para o ato de "justiça", mas sim fogo. Fogo consumidor. O bebê palestino Ali Dawabcheh, de 18 meses, morreu queimado e seus pais e irmão ficaram gravemente feridos.

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Deuteronômio 4:24 diz que Yhwh, o deus dos predadores, é um fogo consumidor. Realmente, a vida de um bebê foi consumida pelo do deus do ódio pregado pelos colonos judeus. O mesmo versículo diz que Yhwh é "deus zeloso". Por anos leio e escuto a discussão sobre o tribalismo do deus dos judeus. Ele só é zeloso com seu povo, os judeus, dizem algumas crenças. E destrói seus inimigos. O 'inimigo' destruído da vez foi essa pobre criança.

Sete décadas do Yomi na Terra



Escrito para o Recanto das Letras no dia 06/08/2015.

6 de agosto de 1945. Nobuo Miyake está em um bonde na cidade de Hiroshima, Japão. Tudo está tranquilo. De repente um clarão surge no horizonte. A luz, semioticamente, representa a esperança. Mas nesse caso, não. Representa a morte, a destruição, a dor. Miyake percebe isso a tempo e consegue sair rápido do bonde, salvando-se.

O clarão era, na verdade, obra de um garoto. Um pequeno garoto. Enviado para matar e destruir os japoneses. O pequeno garoto desfez-se no ar e tornou-se uma bola de fogo que ao chocar com o chão foi capaz de matar 160 mil japoneses.

Há quem não goste de crianças. No caso do pequeno garoto, há bons motivos para não gostar dele. Ele exterminou muita gente. Ele tornou o mito do inferno algo real. Tornou o Yomi algo real. Os japoneses chamam o mundo dos mortos de Yomi. Dizem que os mortos vão lá para apodrecer. O pequeno garoto trouxe uma versão mil vezes pior.

Os mortos do Yomi tradicional continuam a existir, mas de maneira melancólica, escura e decadente. Os mortos e vivos do Yomi atômico continuam a existir de forma dolorosa, chocante e cruel. O que trouxe a destruição foi a luz, não a escuridão. Os vivos do Yomi, os "hibakushas", ou "pessoas afetadas pela explosão" ainda foram amaldiçoados com a estigma e o preconceito durante muito tempo.

Acusação injusta na televisão

Era noite, meu vizinho começou a receber sucessivas mensagens em seu Whatsapp. Ao lê-las, foi tomado pelo susto. Soube que seu rosto aparece...