segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Em defesa dos muçulmanos


Menina, Colegial, Saiba Schulem, Afeganistão

O ex-presidente Barack Obama disse hoje (30/01) ser contra discriminação com base em religião ou crenças. A mensagem é apoio aos protestos contra o presidente xenófobo Donald Trump, que tentou restringir a entrada de imigrantes muçulmanos nos Estados Unidos através de um decreto. Felizmente a justiça norte-americana conseguiu derrubar, ao menos parcialmente, este decreto. Há juízes em Nova York!

Obama, apesar da controversa política externa, é hoje ao lado de Pepe Mujica, um dos maiores políticos democratas-liberais do ocidente. Sua defesa aos muçulmanos vai ao encontro de um princípio importante do liberalismo político: a liberdade de crença.  

Alguns podem alegar que não é nenhuma virtude defender algo que deveria ser normal em uma civilização. Mas em tempos de políticos que encaram xenofobia como virtude, é importante elogiar aqueles que prezam pelos valores da democracia.

Eu disse em outro texto que há uma onda antimuçulmana na Europa. Deveria ter sido mais preciso e dito que isso há em boa parte do ocidente. No Brasil, é comum observar comentários generalizantes que afirmam que todos os muçulmanos são terroristas. Vi uma mulher escrever que todos os muçulmanos apoiariam o Estado Islâmico. É preciso usar da navalha da Hanlon: nunca diga que é má-fé algo que pode ser ignorância. Nesse caso, a ignorância é atroz.

A falta de uma boa educação e do interesse em se informar impede que um cidadão entenda que movimentos políticos e religiosos quase nunca são homogêneos. Dentro do islamismo há divergências, por exemplo, entre sunitas e xiitas. O Estado Islâmico é sunita, portanto nunca seria apoiado por muçulmanos xiitas. 

Seria ótimo se paranoicos antimuçulmanos passassem a ler livros que vão além de panfletos na internet e entendessem que nem todos os muçulmanos apoiam a Sharia e que há movimentos liberais-reformistas que fazem interpretações humanistas do Alcorão. 

Em vez disso, o que esses fundamentalistas cristãos querem, além de ler os já mencionados panfletos, é pincelar versos violentos do Alcorão - como se não houvesse tal brutalidade na Bíblia - para dizer que o Islã é somente violência; ou mostrar vídeos de terroristas islâmicos cometendo atrocidades, como se não existissem terroristas cristãos.

Fica aqui esse meu pequeno apoio aos muçulmanos. Pelos princípios do liberalismo, defendo que tenham o direito de exercer sua fé e que sejam respeitados e não tratados como "escória" (nas palavras de um certo deputado). Em uma plena civilização essa minha frase deveria ser considerada óbvia, mas em tempos de ódio e de antidemocracia, ela é até repudiada.

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