Cristãos, sejam evangélicos, católicos ou qualquer vertente, crescem em um lar onde aprendem a "compreender" a bíblia de uma única forma: literalmente. Resultado? Crescem sem saber diferenciar gêneros literários. E por isso acabam levando o livro de Gênesis e outros livros da bíblia ao pé da letra.
Há até mesmo ateus, cuja imagem na internet é de que são automaticamente racionais, que cometem esse erro quando criticam os crentes e a própria bíblia.
O fato é que a bíblia não é um livro de ciência, nem de história (no sentido da narrativa literal e cronológica) - é uma obra literária. E os capítulos da criação em Gênesis não são tratados científicos e nem relatos historiográficos, são poemas com objetivos morais.
Evidência disto? Abra um livro de história ou ciência mais próximo de você. Leia um capítulo e você vai notar algumas características importantes desse gênero como: explicação e compreensão, narrativas que seguem por encadeamento racional e/ou por relações de causa e efeito.
Essas características não estão presentes nos mitos da bíblia. O mito de Adão e Eva, por exemplo, não conta se Abel teve mais filhos, ou como teve, já que não é mencionado em nenhum momento que deus criou outras pessoas. Alguns podem até dar uma resposta, mas provavelmente será uma resposta extra-bíblica.
Um cristão sensato provavelmente diria: o mito de Adão e Eva não é um mito criado para contar a origem da Terra e do universo, mas sim com objetivos morais, como mostrar o que acontece quando se desobedece a deus.
Saber diferenciar gêneros literários é essencial para evitar que se crie adultos limítrofes. Por isso defendo que a bíblia seja ensinada nos colégios, mas claro, como obra literária e não como obra religiosa. Usar esse livro para ensinar a diferenciar gêneros literários e compreender figuras de linguagem é um passo importante para evitar o analfabetismo funcional e o fundamentalismo religioso.
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